Alimentação pode influenciar diretamente na saúde mental, dizem especialistas

Os transtornos mentais são considerados problema de saúde pública, e os dados reforçam o motivo. Só em 2019, quase um bilhão de pessoas – incluindo 14% dos adolescentes do mundo – viviam com algum tipo de transtorno mental, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado pelo Ministério da Saúde. Sendo assim, não há dúvida sobre a importância acerca desse assunto.

Embora a saúde mental pareça um tema popular, a desinformação a permeia. Entre os diversos fatores que podem comprometê-la, a alimentação é um dos principais deles, mas poucos se preocupam com essa relação, visto que ainda é desconhecida por muitos.

O intestino vai além da responsabilidade de digestão, absorção e transporte de nutrientes para o organismo. Considerado o segundo cérebro do corpo humano, o órgão tem papel de importância na regulação e manutenção da saúde de todo o corpo e da mente. Tem uma íntima relação com nosso sistema nervoso, responsável pela regulação de apetite, níveis de energia, emoções, atitudes, aprendizado e memória.

Para exemplificar a relação entre o intestino e a saúde mental, destacamos a reação do organismo em eventos estressantes, podendo resultar em sintomas como dor de barriga, náuseas, diarreia, alterações de humor e irritabilidade. Nosso intestino é responsável pela produção de quase 90% da serotonina, importante neurotransmissor relacionado ao gerenciamento do humor.

O que colocamos para dentro do corpo é diretamente proporcional ao nível de rendimento dessa máquina [organismo]. Se colocamos óleo diesel em um carro a gasolina, esperaremos que esse carro não funcione, ou que ele funcione lentamente. Mas se colocamos gasolina, ou seja, comida de boa qualidade, o rendimento desse carro tende a ser melhor.

Considerando diversos estudos que reforçam tais informações, é fato que a alimentação pode influenciar na saúde mental. Portanto, ter atenção à dieta pode evitar ou promover melhorias nos transtornos mentais.

Qual dieta seguir para ter uma boa saúde mental?

O neurocientista e mestre em psicologia Fabiano de Abreu Agrela destaca que alimentos e substâncias inflamatórias (ultraprocessados, frituras, açúcares, farinha branca, álcool, entre outros) em excesso podem ser os grandes “vilões” da saúde mental.

Para melhor manutenção da saúde mental, Agrela indica seguir a “dieta do mediterrâneo e japonesesa, além do consumo regular de alimentos com alto teor de potássio e triptofano, ricos em antioxidante, como banana, mamão, kiwi, abacaxi, frutas vermelhas, frutas cítricas, brócolis e vegetais folhosos escuros”.

Ambos os especialistas concluem que, embora a alimentação tenha um papel fundamental para manter a boa saúde mental, é indispensável outras boas práticas de saúde geral, incluindo terapia, atividades físicas, qualidade do sono e, em alguns casos, uso de medicamentos.


Fonte:
Estadão